segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Matas e baldios poderão ser transferidos para os municípios

Fonte: Publico
22.10.2012
Ricardo Garcia, Ana Fernandes

Foto: Enric Vives-Rubio

O secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo, quer mais gente na floresta. Para que o abandono não potencie os grandes incêndios.


Sempre que há um Verão mais severo, aumenta a área ardida, ao contrário das metas estabelecidas. O que está a correr mal?


O abandono rural foi muito negativo. Temos de reverter essa situação e a melhor forma é a prevenção. Para isso temos de aumentar o número de pessoas a trabalhar diariamente na floresta. Temos um programa de sapadores, com 283 equipas de cinco pessoas, e eu queria o dobro. É preciso mais gestão activa, responsabilizando mais os proprietários e dando-lhes meios para se motivarem. E há que reforçar o associativismo florestal dando consistência às ZIF [zonas de intervenção florestal].

Parte do esforço na prevenção foi transferida para as câmaras. Isso está a resultar?


Não é igual em todo o lado. Há maior consciência nos municípios sobre a importância da gestão da floresta e do território rural. É por isso que estamos a discutir a transferência de competências da administração central para as comunidades intermunicipais e uma delas é a gestão florestal. Os serviços da administração central têm a seu cargo a gestão das matas nacionais e dos baldios, que são das comunidades locais. Gostaríamos que essa gestão fosse feita na proximidade dessas comunidades. Tem havido uma redução forte das pessoas que trabalham na floresta dos serviços oficiais, de cerca de 4000 para 900 pessoas em pouco mais de 20 anos, e se estas pessoas desaparecem da floresta, outras têm de entrar.

Os fogos florestais são uma fatalidade?


Mesmo os países ricos, com uma gestão florestal musculada, têm este problema. O ordenamento florestal e a gestão activa da floresta permitem que a dimensão [dos fogos] não seja tão grande.

Houve este ano um incêndio no Algarve de dimensões catastróficas...


As condições que levaram ao maior fogo, no Algarve, foram seguramente uma conjugação adversidade temperatura, humidade e vento. Mas não podemos cruzar os braços e dizer que isso é uma fatalidade. Temos de reforçar a capacidade de resposta na prevenção e no combate. Não há outro caminho.

Tem sido muito criticado o facto de os gabinetes florestais das câmaras irem buscar dinheiro ao Fundo Florestal Permanente, tirando-o de outras acções necessárias...


Quando era presidente de Câmara, não concordei com a facilidade na constituição de gabinetes técnicos florestais municipais. A floresta não pode ser vista espartilhada. Temos vantagens em que seja pensada numa escala para além do espaço municipal. O que não quer dizer que cada município não possa ter a própria sua estratégia de reforço. O planeamento, a transposição das políticas e a activação dos mecanismos é que têm de ultrapassar o nível municipal.

Haverá alguma mudança de onde vem o dinheiro?


Estamos a discutir, temos conversado com a Associação Nacional de Municípios Portugueses para que possamos evoluir na delegação de competências. Vamos ter de ir cada vez mais neste sentido.

Uma das críticas que se fazem ao combate aos fogos é a de que vence quem grita mais alto nos comandos, geralmente o político eleito. E os técnicos calam-se.


Não vou comentar áreas que não são da minha competência.

Mas os técnicos, que têm o conhecimento, são da sua competência...


O que acho é que tem de haver cada vez maior compromisso entre as pessoas que trabalham na floresta, quer na prevenção, quer no combate. É fundamental que haja no futuro mais gente a trabalhar todo o ano na floresta, com uma experiência adquirida do território e do comportamento do fogo que lhe dará vantagens nas situações de combate.


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Técnicos dos GTF's participam no Curso de Análise de Incêndios e de Fogo de Supressão

Postado por: Emanuel Oliveira
SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira

No passado dia 25 de Setembro, no Porto, teve início o primeiro Curso de Análise de Incêndios e de Fogo de Supressão reconhecido pela Autoridade Florestal Nacional (Ref.ª n.º 308/DUDEF).
Esta acção visa dotar os formandos de conhecimentos teóricos e práticos que permitam capacitar os técnicos para uma melhor interpretação do comportamento do fogo e análise dos incêndios, apoiando a tomada de decisão do responsável pelo Comando de Operações e Socorro. Por outro lado, este Curso vem formar os técnicos participantes no uso correcto do fogo de supressão nas operações de combate: fogo táctico e contrafogo – mediante a identificação e avaliação de oportunidades, planeamento, organização e segurança.




Este Curso com uma carga horária de 63 horas, distribuídas por 9 dias de formação, é ministrado por formadores altamente experientes da empresa galega Consultoría Natutecnia S.L, designadamente:
  • Santiago Couceiro - Eng.º Florestal, Director de Natutecnía e Coordenador de Meios Aéreos da Galiza;
  • Pablo Pérez Costa - Eng.º Técn. Florestal, Técnico de Brigada Helitransportada, como Coordenador de Meios Aéreos;
  • António Candá - Eng.º Técn. Florestal, Técnico de Brigada Helitransportada, como Coordenador de Meios Aéreos e Técnico da Equipa de Prevenção de Incêndios Florestais-EPRIF.

A formação teórica conta ainda com a formadora Rosa Planelles González, Engenheira Florestal, directora da EIMFOR, SL e Docente de Defesa Florestal na Escuela Técnica de Ingenieros da Universidad Politécnica de Madrid.

Em termos gerais, nesta acção são exploradas e aprofundadas diversas temáticas relacionadas com o comportamento e extinção dos incêndios florestais: Meteorologia de Incêndios, Comportamento Extremo do Fogo, Sistema de Previsão de Campbell, Simuladores de Incêndios, Análise de Incêndios – Casos Práticos, Planificação do Fogo de Supressão, Planificação da Segurança, Gestão do Risco, Exercícios Práticos com fogo real, entre outros temas.

Em virtude de diversos factores que se prendem sobretudo com a alteração do uso dos solos e a mudança climática, os incêndios florestais tendem a aumentar a sua intensidade e capacidade destrutiva pelo que, tal como já se verifica em vários países do mundo, existe a necessidade de integrar técnicos analistas nos teatros de operações para documentar e registar o desenvolvimento de um incêndio, bem como para o importante papel de apoio ao COS na tomada de decisão nas operações de extinção.

A realização deste Curso mereceu desde logo uma elevada receptividade por parte dos técnicos dos Gabinetes Técnicos Florestais de diversos Municípios, bem como de outras entidades com funções de defesa e combate a incêndios florestais.

Nesta pioneira acção participam 17 técnicos provenientes dos GTF’s de Seia, de Felgueiras, de Santo Tirso, de Vila Nova de Cerveira, de Vimioso, de Cantanhede, de Valongo, de Oliveira do Hospital, de Águeda, de Melgaço, de Porto de Mós, de Penafiel, de Paredes de Coura, de Celorico de Basto, de Chaves e de Gondomar, bem como 5 técnicos de outras entidades e organismos.

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